23 de setembro de 2009
22 de setembro de 2009
«Díli, uma visão dantesca»
Na TSF a 22/9/99: "Nas ruas desertas e negras da capital timorense circulam os jipes australianos e ainda são visíveis soldados indonésios. Quando repentinamente a ilha se desenhou no meio de um mar azul profundo, Timor visto do avião pareceu-nos uma lágrima. Uma lágrima de sangue correndo na face do mundo. Depois foi a chegada ao aeroporto, controlado pelas forças multinacionais em uniformes de combate e o dedo no gatilho. Aviões gigantes da força aérea australiana fazem rotações em permanência transportando homens e material. Um vaivém incessante no meio do barulho ensurdecedor dos seus motores a hélice. No exterior do aeroporto, para além de um impressionante dispositivo das tropas da Interfet, encontrámos os primeiros militares indonésios armados. Uma presença cada vez mais visível à medida que nos dirigíamos para a cidade de Díli. Díli, uma visão dantesca, uma cidade calcinada com o ardor da terra queimada envolvida ainda por nuvens de fumo." [artigo integral]
21 de setembro de 2009
«Díli sem gente e sem milícias»
Na TSF a 21/9/99: "Díli sem gente e sem milícias. A capital de Timor-Leste é uma cidade deserta. Os refugiados estão concentrados junto do porto. A falta de água é o principal problema. Díli é uma cidade calma. Extraordinariamente calma. As ruas estão completamente vazias, as lojas deixaram de o ser, não há telefones, não há água. E ontem nem mesmo milícias havia. Os últimos elementos das milícias terão partido durante as horas que precederam a entrada da força multinacional. Para Jacarta ou para a parte ocidental de Timor. Apesar de livre de milícias, Díli é ainda uma cidade insegura. Assusta percorrer estas ruas desertas. Vêm-nos à memória os relatos de terror das últimas semanas." [artigo integral]
20 de setembro de 2009
«Ninguém sabe onde está Xanana Gusmão»
Na TSF a 20/9/99: "A Comunidade timorense em Darwin desapontada com secretismo em torno do líder da Resistência. O Governo australiano pode estar a preparar uma jogada mediática com Xanana Gusmão. O líder da Resistência chegou à pacífica e calmíssima Darwin, de avião, fintou mais de cem jornalistas, e a sua localização é desconhecida. Onde está Xanana?
O presidente do Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT) está envolvido numa misteriosa fuga de Jacarta, que intriga todos os que acompanham a situação em Timor-Leste." [artigo integral]
O presidente do Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT) está envolvido numa misteriosa fuga de Jacarta, que intriga todos os que acompanham a situação em Timor-Leste." [artigo integral]
19 de setembro de 2009
18 de setembro de 2009
«Finalmente a ajuda humanitária»
Na TSF a 18/9/99: "Os refugiados timorenses nas zonas de Ermera e Bobonaro foram os primeiros a beneficiar da ajuda humanitária que ontem chegou finalmente ao território de Timor-Leste. Mais de 15 toneladas de arroz e cobertores foram lançados, de uma altitude de 1950 metros, por dois aviões Hércules C-130 das forças armadas australianas, tendo os voos ocorrido sem qualquer problema." [artigo integral]
17 de setembro de 2009
«Clinton lembra urgência da missão»
Na TSF a 17/9/99: "O Presidente dos EUA apelou ao destacamento «rápido e determinado» da força multinacional. Wiranto fala de retirada. Comandada pelo major-general australiano Peter Cosgrove, a força multinacional das Nações Unidas para Timor-Leste poderá entrar no território durante o fim-de-semana. «Domingo ou segunda-feira», diz John Moore, ministro da Defesa do Governo de Camberra. Contudo, o factor supresa poderá determinar uma antecipação. E, enquanto o general Wiranto garantia que o Exército indonésio abandonará Timor nos próximos dias, Bill Clinton apelava ao destacamento «rápido e determinado» da força multinacional para a qual, anunciou, os EUA contribuirão com 200 militares." [artigo integral]
16 de setembro de 2009
«Quinze horas de negociação para a decisão mais esperada»
Na TSF a 16/9/99: "O Conselho de Segurança aprova envio de força multinacional para restabelecer a paz em Timor. «Autorizar o estabelecimento de uma força multinacional (...) com as seguintes tarefas: estabelecer a paz e a segurança em Timor-Leste, proteger e apoiar a UNAMET, concretizar as suas tarefas e, dentro das suas capacidades, facilitar operações de assistência humanitária, e autorizar os Estados a participar na força multinacional, a fim de tomar todas as medidas necessárias para cumprir o seu mandato.» Este capítulo consta do extenso documento aprovado na madrugada de ontem pelo Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, após uma maratona de mais de 15 horas de intensos contactos diplomáticos." [artigo integral]
«Portugal com missão em Díli»
Na TSF a 16/9/99:"Portugal não participará com unidades de combate na força internacional que deverá entrar em Timor no próximo fim-de-semana. Mas os portugueses entrarão nesta fase em Díli e em Darwin com duas missões de ligação (com militares e homens da logística) destinadas a preparar no terreno a terceira fase, ou seja, a aplicação dos resultados do referendo. Estas missões, criadas por Kofi Annan para garantir a presença portuguesa na primeira fase, têm ainda como objectivo ajudar na coordenação das acções humanitárias. Portugal integrará também os capacetes-azuis que assegurarão a manutenção da paz em Timor Lorosae na terceira fase." [artigo integral]
15 de setembro de 2009
Intervenção de Ilda Figueiredo no PE
[Intervenção da deputada Ilda Figueiredo no PE sobre a situação em Timor Leste em 15/09/99] "É conhecido que Timor Leste está ilegalmente ocupado pela Indonésia desde há cerca de 24 anos, o que determinou sucessivas resoluções da ONU exigindo a retirada da Indonésia e reiterando o direito à auto-determinação do Povo de Timor Leste. Durante esse período foram-se sucedendo os atropelos e violações por parte das forças ocupantes indonésias com centenas de milhares de vítimas e incontáveis sacrifícios do Povo de Timor Leste, que nunca desistiu da sua luta heróica pela liberdade e pela independência, e a qual saudamos.
Entretanto, com a assinatura do Acordo de Nova Iorque, entre Portugal e a Indonésia, sob a égide das Nações Unidas, abriram-se as perspectivas para a consulta popular realizada no dia 30 de Agosto, com uma taxa de participação de 98,6% e com uma esmagadora maioria do Povo de Timor Leste, mais de 78 por cento, a pronunciar-se a favor da independência.
Quer a ONU, quer os observadores internacionais e as próprias autoridades indonésias consideraram que o escrutínio decorreu de forma livre e justa, apesar das pressões e da campanha de intimidação levada a cabo pelas milícias pró-integração.
Mas, após o conhecimento público dos resultados da votação, o Povo de Timor Leste foi novamente alvo de ataques criminosos cometidos de forma sistemática por grupos paramilitares pró-integracionistas, com a participação da polícia e do exército indonésios, os quais atacaram igualmente funcionários da UNAMET, autoridades religiosas, observadores e jornalistas. Além de muitos mortos, há milhares de deslocados e refugiados que foram obrigados a abandonar as suas casas, muitas vezes queimadas. A Indonésia não cumpriu os compromissos assumidos no acordo de Nova Iorque, o que exigia a intervenção do Conselho de Segurança da ONU , através do envio de uma força de paz, com mandato preciso e duração definida, para garantir a segurança e a paz no território e evitar um novo genocídio, o que tardou a acontecer.
Ora, apesar das recentes decisões do Conselho de Segurança da ONU sobre a intervenção de uma força internacional de paz, e apenas tomadas após uma forte pressão internacional que obrigou o presidente Habibie a aceitar a sua participação, ainda continuam a morrer pessoas inocentes em Timor Leste vítimas da actuação da Indonésia, das forças pró-integracionistas e da difíceis condições humanitárias em que se encontram as populações, designadamente os deslocados e refugiados. Torna-se, pois, necessária a imediata intervenção da força internacional de paz, bem como o apoio humanitário, quer às populações que se encontram em Timor Leste, quer aos deslocados para outras zonas da Indonésia. É urgente que se também se promova, em segurança, o regresso dos refugiados e deslocados a Timor Leste, bem como o acesso das organizações não governamentais, dos observadores internacionais e jornalistas.
Como se refere na Proposta de Resolução Comum que subscrevemos, há que reconhecer a vontade inequívoca e democraticamente expressa do Povo de Timor-Leste em se tornar independente e em criar um novo País, estabelecer as respectivas relações diplomáticas, apoiar a reconstrução, a actividade económica e o processo de constituição do Estado de Timor Leste. Assim, registando positivamente a posição que o Conselho Europeu aqui assumiu no Parlamento Europeu, não posso deixar de sublinhar a importância de inscrever verbas de apoio, de desenvolver todas as acções que permitam terminar com o enorme sofrimento do Povo de Timor Leste.
Simultaneamente, é necessário que se mantenham suspensas a cooperação militar, as exportações de armamento e as ajudas económicas à Indonésia, excepto as de natureza humanitária. Assim, aqui fica o apelo a que continuemos a dar todo o apoio à luta heróica do Povo de Timor Leste." [Fonte]
«Leandro Isaac: 'Que venham depressa as tropas da ONU'»
Na TSF a 15/9/99: "Há situações que só o povo de Timor ajuda a compreender. Em Díli, na sede da UNAMET, já era desesperada a situação dos refugiados, sem água, sem comida, sem esperança. Mas todos revelavam a maior dignidade. Quando a UNAMET começou a falar em sair, a situação ficou ainda mais desesperada e no meio dos refugiados a palavra de ordem foi tentar chegar às montanhas. Acompanhei a sua odisseia nocturna, por entre arbustos, pedras e íngremes subidas, só de longe iluminada pelos clarões dos edifícios a arder, e com o silêncio entrecortado pelos disparos dispersos nas ruas de Díli. Foi uma fuga de desespero, mas de grande dignidade: os mais fortes ajudavam os mais fracos, idosos e crianças. Foi tudo bem organizado até à chegada junto das forças avançadas das Falintil." [artigo integral]
«Sem água nem alimentos»
Na TSF a 15/9/99: "O retrato traçado pela ONU é dramático: a fome atinge um quarto da população timorense. E a ajuda humanitária ainda vai demorar alguns dias a chegar. De Lisboa partiu um avião. Milhares de timorenses com fome e falta de assistência médica em Timor-Leste e Timor Ocidental continuam a aguardar a chegada de auxílio humanitário. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) avalia em sete mil o número de mortos em Timor-Leste. Diz ainda haver entre 300 e 400 mil deslocados e mais de 200 mil pessoas em risco de fome." [artigo integral]
14 de setembro de 2009
13 de setembro de 2009
12 de setembro de 2009
Manifestação em Madrid
Madrid, 12/09/99 [© Luís Galrão]
[Actualização] Encontrei este vídeo do José Budha que inclui imagens de Madrid e da iniciativa '3 minutos por Timor' realizada uns dias antes em Lisboa:
«Visão de uma imensa cicatriz»
Na TSF a 12/9/99: "Crónica dos dias de fogo. «Nem fazendo apelo ao mais empenhado sentido de imparcialidade e isenção consigo deixar de sentir esta sensação de raiva e impotência.» A primeira impressão que detenho da chegada a Díli é um enorme silêncio. Saí do avião e não senti o ambiente de festa das outras vezes. Senti falta da agitação das pessoas que vinham esperar familiares ou amigos, dos taxistas que andavam à procura de cliente ou dos miúdos que costumavam vender os jornais. A segunda impressão que ainda continua colada à pele é o forte cheiro a queimado. Ainda o avião se fazia à pista e já era possível ver algumas colunas de fumo de casas a arder. No Bairro de Comoro passei por uma casa incendiada há pouco tempo. Ainda se via o fumo e o brilho da madeira quase em cinzas. E há uma terceira imagem que não vou esquecer: a das muitas centenas de pessoas que se viram obrigadas a fugir de casa por causa dos ataques dos militares e das milícias." [artigo integral]
11 de setembro de 2009
«Receia-se o pior na sede da UNAMET»
Na TSF a 11/9/99:"O receio da ocorrência de um massacre na sede da UNAMET provocou o pânico entre os cerca de mil refugiados que ainda se encontravam no local, poucas horas depois de ter sido evacuada a maioria dos elementos da ONU para Darwin, na madrugada de ontem (hora de Lisboa). As milícias violaram a área de segurança das Nações Unidas, destruindo janelas e assaltando viaturas da organização, com a conivência dos militares." [artigo integral]
«Um banho de esperança»
Na TSF a 11/9/99: "«As ovelhas, o rebanho, ficam abandonados, entregues a si próprios, mas alguém tem de sair para ser a voz daqueles que não têm voz. Foi esta a decisão que eu tomei. Essas pessoas esperam que eu fale e que esta saída traga resultados para os que ficaram.» Já passava do meio-dia, em Lisboa, quando D. Carlos Ximenes Belo iniciou no aeroporto da Portela uma declaração impressionante. O tom de voz sereno, mas determinado, de uma revolta contida, deu mais força à descrição do terror em Timor, do «genocídio», palavra que, ao contrário do Vaticano, D. Ximenes não se inibe de dizer. " [artigo integral]
10 de setembro de 2009
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