30 de setembro de 2009

«Pensei que nos iam abater»

Na TSF a 30/9/99: "Três jornalistas foram interceptados e agredidos por militares indonésios em Becora. Charles Hires, fotógrafo americano, relatou ao DN essas horas dramáticas vividas com «um gosto amargo na boca». No dia 21 de Setembro o jornalista holandês Sander Dhoenes, correspondente em Jacarta do Financial Times, foi abatido com uma bala à queima-roupa por militares indonésios em Becora, um bastião pró-independentista nos arredores de Díli. Dois outros jornalistas, o britânico John Swain, do Sanday Times, e o fotógrafo americano da agência Gama, Charle Hires, foram dados como desaparecidos no mesmo dia. Após uma forte mobilização das forças da Interfet, os dois jornalistas foram descobertos, seis horas depois, são e salvos. Charle Hires contou ao DN, ainda traumatizado, as circunstâncias da sua intercepção e as horas dramáticas vividas pelos jornalistas." [artigo integral]

DN 30/09/99


DN 30/09/99


29 de setembro de 2009

«Timorenses começam a regressar a Díli»

Na TSF a 29/9/99: "Apesar da miséria, as pessoas voltam a acreditar no futuro. A capital conquista um novo movimento. O movimento de refugiados para Díli começou a intensificar-se. As ruas de Díli estão agora sobrelotadas. Já há gente a instalar-se nas suas casas. Alguns privilegiados que encontraram as casas de pé, apesar de saqueadas. Os poucos edifícios públicos que não foram totalmente queimados são inspeccionados ao mais pequeno pormenor. Uma simples cadeira, uma tábua, ferros, chapas, um colchão, almofadas, tudo é aproveitado, para um início de vida. Os timorenses parecem formiguinhas a acartar tudo o que podem. Preparam-se antes das chuvas, que estão para breve. Há crianças de quatro e cinco anos a transportar enormes pesos." [artigo integral]

«Os mistérios da (in)segurança»

Na TSF a 29/9/99: "A Indonésia diz que a responsabilidade é agora da Interfet. Mas ontem foram vistos militares da TNI a desembarcar em Díli. Enquanto o comandante militar Kiki Syahnakry afirmava, a partir de Bali, que a responsabilidade da segurança em Timor é agora da Interfet, os responsáveis da força recusam que tenha havido transferência de poderes e continuam a insistir numa «responsabilidade partilhada».
E mesmo sem comandante indonésio em Díli, o coronel Mark Kelly, da Interfet, diz que há um órgão consultivo que se reúne diariamente, para coordenar a cooperação entre as TNI (as forças armadas indonésias) e a Interfet." [artigo integral]

28 de setembro de 2009

«Indonésia está a sair de Timor»

Na TSF a 28/9/99: "A Indonésia está a abandonar Timor. Ontem ficaram só 1500 militares. E o comandante Kiki Syahnakri (responsável pela aplicação da lei marcial no território) saiu da ilha, entregando o comando às forças internacionais. Uma cerimónia que deveria ter sido reservada, mas que, afinal contou com a presença, só, de jornalistas indonésios. Os australianos, mantendo a atitude de evitar conflitos com a Indonésia, usaram palavras cuidadosas: «Até à data em que a Assembleia Consultiva do povo vai desanexar o território, a Indonésia detém a soberania sobre Timor. Não se esqueçam», afirmou o coronel Mark Kelly, porta-voz da Interfet, referindo sempre que o mandato lhes foi conferido pelas Nações Unidas." [artigo integral]

Público 28/09/99


27 de setembro de 2009

«Nervos à flor da pele em Díli»

Na TSF a 27/9/99: "A Indonésia deverá passar hoje para a Austrália a responsabilidade pela segurança. O que está a gerar alguma tensão. Em Díli Para surpresa geral, a força de paz em Timor-Leste tentou ontem juntar os cerca de cem jornalistas presentes na capital timorense num único hotel, fortemente protegido. A medida foi tomada na sequência de informações que apontavam para um ataque das milícias. A Interfet recomendou aos jornalistas que se juntassem no hotel Turismo, situado próximo do porto e rodeado de um forte dispositivo de segurança, onde 40 representantes de meios de comunicação social internacionais se encontram instalados. Outros 60 estavam nos arredores. Dezenas de jornalistas acabaram por ser escoltados por soldados da Interfet até ao hotel, onde foram obrigados a apagar todas as luzes." [artigo integral]

«Ajuda humanitária portuguesa começa a chegar»

Na TSF a 27/9/99: "Aos poucos, a ajuda humanitária do Governo português a Timor começa a chegar a Díli. Ontem, foi a vez de um primeiro avião transportar oito pessoas e 13 toneladas de ajuda, estando previstos novos voos ao longo de toda esta semana. A missão humanitária portuguesa prevê o transporte para Timor-Leste de 60 toneladas de ajuda - entre as quais um hospital de retaguarda, ambulâncias, medicamentos e rações de combate - e de 64 pessoas (em vez das 72 inicialmente previstas) para concretizar essa ajuda junto das populações carenciadas." [artigo integral]

Público 27/09/99


26 de setembro de 2009

«O frasco cheio de balas da irmã Marlene»

Na TSF a 26/9/99: "Durante quinze dias, as freiras salesianas deram guarida a 400 timorenses e repeliram com rezas os ataques das milícias. A irmã Marlene tem dentro de um frasco todos os invólucros de bala que caíram nas imediações da residência das freiras salesianas em Díli durante os ataques das milícias e que têm vindo a ser recolhidos aqui e ali pelos miúdos que lá se encontram refugiados. Ri-se quando mostra o frasco de vidro aos jornalistas, com um brilho traquina nos olhos asiáticos, como se a experiência por que acabou de passar fosse um quase-nada." [artigo integral]

«Uma calma apenas aparente»

Na TSF a 26/9/99: "A histeria da véspera, com acções muito vistosas e intimidatórias por parte da Interfet, quando um contingente numeroso de militares indonésios abandonava Timor, já passou, e a menor presença indonésia deixou a cidade bastante mais calma. Pelo menos aparentemente. O povo está mais alegre, apesar das condições miseráveis. As crianças brincam com nada, os jovens fazem o V de vitória e todos põem camisolas do Xanana. Sempre ânimo e esperança, apesar da miséria. Díli é hoje uma terra arrasada. Vai tudo ter de começar do zero. Há um trabalho incomensurável de limpeza a fazer e a reconstrução vai certamente demorar anos a fio..." [artigo integral]

Público 26/09/99



25 de setembro de 2009

Por Timor


Expresso 25/09/99

«Eu próprio enterrei quatro corpos»

Na TSF a 25/9/99: "Histórias na primeira pessoa de quem viveu os dias de terror e agora as horas da fome em Díli. Ontem era dia importante em Díli. Jornalistas de várias nacionalidades e dois idiomas partem cidade fora, a pé, em busca de motivo de reportagem. No grupo, falam-se duas línguas: português e inglês. De repente, alguém nos aborda: «São portugueses?» Esclarecida a situação, o homem, 50 e tal anos vestidos de negro, desafaba: «Que eu preciso de falar com alguém, pois não sei da minha família.» Recomenda-se-lhe que contacte a Cruz Vermelha, que tem como um dos seus objectivos declarados para Díli ajudar a reunir famílias divididas." [artigo integral]

Público 25/09/99


24 de setembro de 2009

«Isto não é nenhum jogo»

Na TSF a 24/9/99: "Tiros e muita agitação em Díli entre militares da Interfet e indonésios. Peter Cosgrove promete responder a provocações. Há dias assim. Começam com cadáveres, agitação e tiroteio e acabam com ameaças, questões de segurança, e militares a guardar-nos à noite. A história foi falada entre jornalistas, na véspera. Que havia um poço no quintal da casa de Manuel Carrascalão cheio de cadáveres. Supostamente, contou um vizinho, os homens das milícias terão decapitado e cortado os membros aos timorenses que mataram e lançado no mar as cabeças, deixando os corpos naquele poço e noutros locais. Tudo, para dificultar a identificação. Fomos ver. Uns miúdos estavam na rua, bastou perguntar onde era, eles apontaram logo para o poço. Primeiro o cheiro insuportável - as tábuas indicavam a passagem. Uma tampa de ferro. Abre-se. E a imagem é terrível. Milhões de bichos brancos «trabalham» freneticamente na decomposição do cadáver. Percebe-se que é um corpo, um tronco, que está de costas para cima. Ao lado está um braço. Não se vê mais nada. " [artigo integral]

Público 24/09/99


23 de setembro de 2009

VISÃO 23/09/99



Acção Urgente (3)


«Força ainda não segura Timor»

Na TSF a 23/9/99: "Díli está ainda muito longe de ser uma cidade segura. A presença das forças internacionais é fortemente sentida junto ao aeroporto de Komoro, em toda a avenida até ao centro, nas várias artérias da zona mais central e prolonga-se pela marginal até ao Hotel Turismo. O porto está também bem vigiado. Tudo o resto é terra de ninguém, casas arrasadas. Aqui e ali alguns militares, o sempre presente cheiro a queimado e alguns, poucos, timorenses vagueando, espreitando algo que possa ter sido esquecido nos saques." [artigo integral]

Público 23/09/99


22 de setembro de 2009

«Díli, uma visão dantesca»

Na TSF a 22/9/99: "Nas ruas desertas e negras da capital timorense circulam os jipes australianos e ainda são visíveis soldados indonésios. Quando repentinamente a ilha se desenhou no meio de um mar azul profundo, Timor visto do avião pareceu-nos uma lágrima. Uma lágrima de sangue correndo na face do mundo. Depois foi a chegada ao aeroporto, controlado pelas forças multinacionais em uniformes de combate e o dedo no gatilho. Aviões gigantes da força aérea australiana fazem rotações em permanência transportando homens e material. Um vaivém incessante no meio do barulho ensurdecedor dos seus motores a hélice. No exterior do aeroporto, para além de um impressionante dispositivo das tropas da Interfet, encontrámos os primeiros militares indonésios armados. Uma presença cada vez mais visível à medida que nos dirigíamos para a cidade de Díli. Díli, uma visão dantesca, uma cidade calcinada com o ardor da terra queimada envolvida ainda por nuvens de fumo." [artigo integral]

Público 22/09/99


21 de setembro de 2009

«Díli sem gente e sem milícias»

Na TSF a 21/9/99: "Díli sem gente e sem milícias. A capital de Timor-Leste é uma cidade deserta. Os refugiados estão concentrados junto do porto. A falta de água é o principal problema. Díli é uma cidade calma. Extraordinariamente calma. As ruas estão completamente vazias, as lojas deixaram de o ser, não há telefones, não há água. E ontem nem mesmo milícias havia. Os últimos elementos das milícias terão partido durante as horas que precederam a entrada da força multinacional. Para Jacarta ou para a parte ocidental de Timor. Apesar de livre de milícias, Díli é ainda uma cidade insegura. Assusta percorrer estas ruas desertas. Vêm-nos à memória os relatos de terror das últimas semanas." [artigo integral]

Público 21/09/99


20 de setembro de 2009

«Ninguém sabe onde está Xanana Gusmão»

Na TSF a 20/9/99: "A Comunidade timorense em Darwin desapontada com secretismo em torno do líder da Resistência. O Governo australiano pode estar a preparar uma jogada mediática com Xanana Gusmão. O líder da Resistência chegou à pacífica e calmíssima Darwin, de avião, fintou mais de cem jornalistas, e a sua localização é desconhecida. Onde está Xanana?
O presidente do Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT) está envolvido numa misteriosa fuga de Jacarta, que intriga todos os que acompanham a situação em Timor-Leste." [artigo integral]

Público 20/09/99

18 de setembro de 2009

Expresso 18/09/99


Expresso 18/09/99


«Finalmente a ajuda humanitária»

Na TSF a 18/9/99: "Os refugiados timorenses nas zonas de Ermera e Bobonaro foram os primeiros a beneficiar da ajuda humanitária que ontem chegou finalmente ao território de Timor-Leste. Mais de 15 toneladas de arroz e cobertores foram lançados, de uma altitude de 1950 metros, por dois aviões Hércules C-130 das forças armadas australianas, tendo os voos ocorrido sem qualquer problema." [artigo integral]

17 de setembro de 2009

«Clinton lembra urgência da missão»

Na TSF a 17/9/99: "O Presidente dos EUA apelou ao destacamento «rápido e determinado» da força multinacional. Wiranto fala de retirada. Comandada pelo major-general australiano Peter Cosgrove, a força multinacional das Nações Unidas para Timor-Leste poderá entrar no território durante o fim-de-semana. «Domingo ou segunda-feira», diz John Moore, ministro da Defesa do Governo de Camberra. Contudo, o factor supresa poderá determinar uma antecipação. E, enquanto o general Wiranto garantia que o Exército indonésio abandonará Timor nos próximos dias, Bill Clinton apelava ao destacamento «rápido e determinado» da força multinacional para a qual, anunciou, os EUA contribuirão com 200 militares." [artigo integral]

16 de setembro de 2009

VISÃO 16/09/99


16/09/99


A Pena 16/09/99


«Quinze horas de negociação para a decisão mais esperada»

Na TSF a 16/9/99: "O Conselho de Segurança aprova envio de força multinacional para restabelecer a paz em Timor. «Autorizar o estabelecimento de uma força multinacional (...) com as seguintes tarefas: estabelecer a paz e a segurança em Timor-Leste, proteger e apoiar a UNAMET, concretizar as suas tarefas e, dentro das suas capacidades, facilitar operações de assistência humanitária, e autorizar os Estados a participar na força multinacional, a fim de tomar todas as medidas necessárias para cumprir o seu mandato.» Este capítulo consta do extenso documento aprovado na madrugada de ontem pelo Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, após uma maratona de mais de 15 horas de intensos contactos diplomáticos." [artigo integral]

«Portugal com missão em Díli»

Na TSF a 16/9/99:"Portugal não participará com unidades de combate na força internacional que deverá entrar em Timor no próximo fim-de-semana. Mas os portugueses entrarão nesta fase em Díli e em Darwin com duas missões de ligação (com militares e homens da logística) destinadas a preparar no terreno a terceira fase, ou seja, a aplicação dos resultados do referendo. Estas missões, criadas por Kofi Annan para garantir a presença portuguesa na primeira fase, têm ainda como objectivo ajudar na coordenação das acções humanitárias. Portugal integrará também os capacetes-azuis que assegurarão a manutenção da paz em Timor Lorosae na terceira fase." [artigo integral]

DN 16/09/99

15 de setembro de 2009

Intervenção de Ilda Figueiredo no PE

[Intervenção da deputada Ilda Figueiredo no PE sobre a situação em Timor Leste em 15/09/99] "É conhecido que Timor Leste está ilegalmente ocupado pela Indonésia desde há cerca de 24 anos, o que determinou sucessivas resoluções da ONU exigindo a retirada da Indonésia e reiterando o direito à auto-determinação do Povo de Timor Leste. Durante esse período foram-se sucedendo os atropelos e violações por parte das forças ocupantes indonésias com centenas de milhares de vítimas e incontáveis sacrifícios do Povo de Timor Leste, que nunca desistiu da sua luta heróica pela liberdade e pela independência, e a qual saudamos.

Entretanto, com a assinatura do Acordo de Nova Iorque, entre Portugal e a Indonésia, sob a égide das Nações Unidas, abriram-se as perspectivas para a consulta popular realizada no dia 30 de Agosto, com uma taxa de participação de 98,6% e com uma esmagadora maioria do Povo de Timor Leste, mais de 78 por cento, a pronunciar-se a favor da independência.

Quer a ONU, quer os observadores internacionais e as próprias autoridades indonésias consideraram que o escrutínio decorreu de forma livre e justa, apesar das pressões e da campanha de intimidação levada a cabo pelas milícias pró-integração.

Mas, após o conhecimento público dos resultados da votação, o Povo de Timor Leste foi novamente alvo de ataques criminosos cometidos de forma sistemática por grupos paramilitares pró-integracionistas, com a participação da polícia e do exército indonésios, os quais atacaram igualmente funcionários da UNAMET, autoridades religiosas, observadores e jornalistas. Além de muitos mortos, há milhares de deslocados e refugiados que foram obrigados a abandonar as suas casas, muitas vezes queimadas. A Indonésia não cumpriu os compromissos assumidos no acordo de Nova Iorque, o que exigia a intervenção do Conselho de Segurança da ONU , através do envio de uma força de paz, com mandato preciso e duração definida, para garantir a segurança e a paz no território e evitar um novo genocídio, o que tardou a acontecer.

Ora, apesar das recentes decisões do Conselho de Segurança da ONU sobre a intervenção de uma força internacional de paz, e apenas tomadas após uma forte pressão internacional que obrigou o presidente Habibie a aceitar a sua participação, ainda continuam a morrer pessoas inocentes em Timor Leste vítimas da actuação da Indonésia, das forças pró-integracionistas e da difíceis condições humanitárias em que se encontram as populações, designadamente os deslocados e refugiados. Torna-se, pois, necessária a imediata intervenção da força internacional de paz, bem como o apoio humanitário, quer às populações que se encontram em Timor Leste, quer aos deslocados para outras zonas da Indonésia. É urgente que se também se promova, em segurança, o regresso dos refugiados e deslocados a Timor Leste, bem como o acesso das organizações não governamentais, dos observadores internacionais e jornalistas.

Como se refere na Proposta de Resolução Comum que subscrevemos, há que reconhecer a vontade inequívoca e democraticamente expressa do Povo de Timor-Leste em se tornar independente e em criar um novo País, estabelecer as respectivas relações diplomáticas, apoiar a reconstrução, a actividade económica e o processo de constituição do Estado de Timor Leste. Assim, registando positivamente a posição que o Conselho Europeu aqui assumiu no Parlamento Europeu, não posso deixar de sublinhar a importância de inscrever verbas de apoio, de desenvolver todas as acções que permitam terminar com o enorme sofrimento do Povo de Timor Leste.

Simultaneamente, é necessário que se mantenham suspensas a cooperação militar, as exportações de armamento e as ajudas económicas à Indonésia, excepto as de natureza humanitária. Assim, aqui fica o apelo a que continuemos a dar todo o apoio à luta heróica do Povo de Timor Leste." [Fonte]

«Leandro Isaac: 'Que venham depressa as tropas da ONU'»

Na TSF a 15/9/99: "Há situações que só o povo de Timor ajuda a compreender. Em Díli, na sede da UNAMET, já era desesperada a situação dos refugiados, sem água, sem comida, sem esperança. Mas todos revelavam a maior dignidade. Quando a UNAMET começou a falar em sair, a situação ficou ainda mais desesperada e no meio dos refugiados a palavra de ordem foi tentar chegar às montanhas. Acompanhei a sua odisseia nocturna, por entre arbustos, pedras e íngremes subidas, só de longe iluminada pelos clarões dos edifícios a arder, e com o silêncio entrecortado pelos disparos dispersos nas ruas de Díli. Foi uma fuga de desespero, mas de grande dignidade: os mais fortes ajudavam os mais fracos, idosos e crianças. Foi tudo bem organizado até à chegada junto das forças avançadas das Falintil." [artigo integral]

«Sem água nem alimentos»

Na TSF a 15/9/99: "O retrato traçado pela ONU é dramático: a fome atinge um quarto da população timorense. E a ajuda humanitária ainda vai demorar alguns dias a chegar. De Lisboa partiu um avião. Milhares de timorenses com fome e falta de assistência médica em Timor-Leste e Timor Ocidental continuam a aguardar a chegada de auxílio humanitário. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) avalia em sete mil o número de mortos em Timor-Leste. Diz ainda haver entre 300 e 400 mil deslocados e mais de 200 mil pessoas em risco de fome." [artigo integral]

Público 15/09/99

12 de setembro de 2009

Manifestação em Madrid

Madrid, 12/09/99 [© Luís Galrão]

[Actualização] Encontrei este vídeo do José Budha que inclui imagens de Madrid e da iniciativa '3 minutos por Timor' realizada uns dias antes em Lisboa:

Todos a Madrid!

Folhetos distribuídos frente à embaixada Indonésia em Madrid

Público 12/09/99

Jornal de Notícias 12/09/99

«Visão de uma imensa cicatriz»

Na TSF a 12/9/99: "Crónica dos dias de fogo. «Nem fazendo apelo ao mais empenhado sentido de imparcialidade e isenção consigo deixar de sentir esta sensação de raiva e impotência.» A primeira impressão que detenho da chegada a Díli é um enorme silêncio. Saí do avião e não senti o ambiente de festa das outras vezes. Senti falta da agitação das pessoas que vinham esperar familiares ou amigos, dos taxistas que andavam à procura de cliente ou dos miúdos que costumavam vender os jornais. A segunda impressão que ainda continua colada à pele é o forte cheiro a queimado. Ainda o avião se fazia à pista e já era possível ver algumas colunas de fumo de casas a arder. No Bairro de Comoro passei por uma casa incendiada há pouco tempo. Ainda se via o fumo e o brilho da madeira quase em cinzas. E há uma terceira imagem que não vou esquecer: a das muitas centenas de pessoas que se viram obrigadas a fugir de casa por causa dos ataques dos militares e das milícias." [artigo integral]

11 de setembro de 2009

«Receia-se o pior na sede da UNAMET»

Na TSF a 11/9/99:"O receio da ocorrência de um massacre na sede da UNAMET provocou o pânico entre os cerca de mil refugiados que ainda se encontravam no local, poucas horas depois de ter sido evacuada a maioria dos elementos da ONU para Darwin, na madrugada de ontem (hora de Lisboa). As milícias violaram a área de segurança das Nações Unidas, destruindo janelas e assaltando viaturas da organização, com a conivência dos militares." [artigo integral]

«Um banho de esperança»

Na TSF a 11/9/99: "«As ovelhas, o rebanho, ficam abandonados, entregues a si próprios, mas alguém tem de sair para ser a voz daqueles que não têm voz. Foi esta a decisão que eu tomei. Essas pessoas esperam que eu fale e que esta saída traga resultados para os que ficaram.» Já passava do meio-dia, em Lisboa, quando D. Carlos Ximenes Belo iniciou no aeroporto da Portela uma declaração impressionante. O tom de voz sereno, mas determinado, de uma revolta contida, deu mais força à descrição do terror em Timor, do «genocídio», palavra que, ao contrário do Vaticano, D. Ximenes não se inibe de dizer. " [artigo integral]

Expresso 11/09/99

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